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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Nanã Buruque

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 NANÃ


Nanã é a Divindade que está assentada no pólo negativo (ou absorvedor) da Linha da Evolução, que é a sexta Linha de Umbanda, na qual polariza com Pai Obaluayê.

Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres desequilibrados que, ao receberem suas Irradiações, se aquietam; e podem ter suas evoluções paralisadas, se necessário, até passarem por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios mentais.

As Irradiações de Mãe Nanã contêm duas Qualidades Divinas que nos induzem a evoluir: a maleabilidade e a decantação. Através delas, Nanã transmuta as energias negativas e paralisantes geradas por conceitos negativos e errôneos que os seres desenvolvem a respeito das coisas Divinas (sentimentos, pensamentos, emoções, atos etc.), de modo a reequilibrá-los e então reconduzi-los a um caminho de evolução. Nanã manifesta essas duas Qualidades ao mesmo tempo e por isso dizemos que é um Orixá Cósmico dual.

A primeira Qualidade de Nanã (maleabilidade) vai desfazendo o que está paralisado ou petrificado nos seres, dando-lhes maleabilidade. Quanto o ser estaciona num padrão vibratório negativo (pensamentos, sentimentos, crenças e emoções), insistindo em condutas igualmente negativas, ele se petrifica, fica impermeável às sugestões do Bem. Neste caso, ele será atraído para o campo de Mãe Nanã, para readquirir maleabilidade.

E a segunda Qualidade de Mãe Nanã (decantação) vai decantando os seres dos seus vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma espécie de filtragem dessas energias desequilibradas.

Isso acontece porque Ela é um Orixá “água-terra”. O seu primeiro elemento de atuação é a água e o segundo é a terra. O elemento água dá maleabilidade ao que estava endurecido (“amolece”, torna permeável, permite adquirir e absorver outros valores). Então, a terra se junta à água, formando “um barro” que absorve os negativismos decantados. Isto gera condições para dar estabilidade àquilo que ficou de positivo após a decantação. E uma vez que “o positivo” foi estabilizado no ser, ele poderá recomeçar sua evolução.

Mãe Nanã atua por atração magnética sobre os seres cuja evolução está paralisada e cujo emocional está desequilibrado. Ela os atrai magneticamente, para operar o processo de: a) dar maleabilidade àqueles seres- quebrando seus vícios e desfazendo suas resistências e negatividades; também “amolecendo” e dissolvendo os medos ou bloqueios inexplicáveis, de fundo inconsciente, e as memórias traumáticas do ser; b) decantar todo esse negativismo- que vai se soltando, e vai se depositar no fundo “do barro” (encontro dos elementos água e terra, que constituem Seus domínios); c) e, finalmente, dar estabilidade ao que ficou de positivo em todo este processo, para que o ser retome sua evolução de forma equilibrada, aqui o entregando aos domínios de Obaluayê.

Em todas as situações, temos duas opções básicas: a) decidir trilhar o caminho do Bem, respeitando a Ordem Divina; caso em que os Orixás Universais (irradiantes, positivos) irão “nos puxar para cima”, potencializando os pontos fortes que já desenvolvemos e, através deles, nos ajudando a evoluir e vencer nossas dificuldades. Neste caso, os Orixás Cósmicos nos darão amparo também, protegendo-nos de ataques externos, magias negativas etc., uma vez que são os pares complementares dos Universais; b) ou estacionar num caminho negativo; caso em que os Orixás Cósmicos (absorvedores, negativos) irão nos atrair diretamente para os seus campos absorvedores de atuação, ali esgotando nosso negativismo, até recuperarmos o equilíbrio e voltarmos ao amparo dos Universais.

Isso explica as diferentes atuações de Pai Obaluayê (Universal) e de Mãe Nanã (Cósmica), que se complementam, na Linha da Evolução. Nanã faz com que os seres retomem sua evolução, decantando-os de todo o negativismo, afixando-os no seu “barro” (água + terra) e deixando-os prontos para a atuação de Obaluayê, que os irá remodelar e estabilizar, para colocá-los novamente em movimento numa senda evolutiva.

A Energia de Nanã é Decantadora por excelência. Seu Fator Puro é o Decantador, que nos faz evoluir. Então, o outro Fator de Nanã é o Evolutivo (Fator Misto).

Os lagos, mangues e os grandes rios que correm tranquilamente são Pontos de Força de Mãe Nanã. Vamos pensar num lago. Um lago tem a superfície calma, de águas tranquilas, que parecem estar paradas. Mas ele puxa para o fundo qualquer coisa que nele seja atirada, ele decanta silenciosamente. Assim é a Energia de Nanã, a Mais Velha das Mães das Águas. Diferente de Mãe Oxum, simbolizada pelas cachoeiras, que são rápidas e representam a Energia da Mãe Jovem.

Diferente também de Yemanjá, a Grande Mãe, simbolizada pela imensidão do mar. Todas Elas lidam com as nossas emoções, porque a água está relacionada ao emocional. E Nanã representa a calmaria, a decantação das nossas emoções e sentimentos; motivo pelo qual Ela também pode nos curar, já que muitas doenças têm forte cunho emocional (raiva, inquietação, impaciência, ansiedade, nervosismo, ciúme, inveja etc.). Decantando nossos vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma. Transformados interiormente, entramos no caminho da cura. Em outras palavras: evoluímos.

Como portadora dessas Qualidades, Nanã também é o Mistério de DEUS que atua sobre o espírito que vai reencarnar.

No processo da reencarnação, o Orixá Nanã dilui todos os acúmulos energéticos daquele ser e decanta todos os seus sentimentos, mágoas e conceitos. Em consequência, Ela adormece (“apaga”) a memória daquele espírito. E quando o espírito adormece em sua memória, entra a atuação de Pai Obaluayê, que é o Regente desse Mistério, para reduzi-lo ao tamanho do feto que está no útero da mãe, aonde o espírito irá se alojar para renascer; e, ao renascer, não se lembrará de nada do que vivenciou anteriormente.

Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, Ela adormece os conhecimentos do espírito, para que não interfiram com o destino traçado para a sua nova encarnação. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, período no qual a pessoa começa a se esquecer de coisas que vivenciou na atual encarnação.

Mãe Nanã rege também sobre a maturidade.  Em outra linha da vida, encontramos
sua atuação na menopausa. No inicio desta linha está Oxum, estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos. Mas esta paralisação nada tem de negativo, pois faz parte do processo natural da vida e ainda facilita a canalização daquelas energias (antes concentradas na função procriadora) para outros campos e horizontes.

Nanã, em seus aspectos positivos, forma pares com os outros treze Orixás, sem nunca perder suas qualidades “água-terra”.  Ela favorece a Evolução em todos os Sentidos da vida.

Nanã é “a mais velha das Mães”, é nosso aconchego, é a experiência, a sabedoria, a paciência, é nossa Divina “Avozinha”. Daí o seu sincretismo com Nossa Senhora de Santana, a santa católica que foi a avó de Jesus.
Mãe Nanã é associada aos planetas Saturno e Vênus e também aos números 06 e 13.


História

Origens do Orixá Nanã. Suas características na África e nas religiões derivadas

Na tradição africana, o Orixá Nanã é reverenciado como Nàná Burúkú (ou Buruquê) e representa o ponto de contato da terra com as águas. É a Divindade Suprema que, junto com Zâmbi, fez parte da Criação: é a responsável pelo elemento barro, que emprestou a Oxalá para que este moldasse o primeiro homem e todos os seres viventes da Terra. Com a junção de água e terra surgiu o barro.

Com o Sopro Divino, o barro representa movimento. O movimento adquire estrutura. Do movimento e da estrutura surgiu a Criação, o Homem.

No Candomblé, afirma-se que Nanã é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado pela mitologia Iorubá, há séculos, quando o povo Nagô conquistou o Daomé (atual República do Benin), assimilando sua cultura e incorporando algumas Divindades dos povos dominados.

Nesse processo de encontro de culturas, Oxalá (mito Nagô-Iorubá) continua sendo o pai de quase todos os Orixás. Yemanjá (mito Nagô-Iorubá) é a mãe dos Nagôs. E Nanã (mito Jêje) assume a figura de mãe dos filhos do Daomé; enquanto Oxalá permanece como pai, também, dos daomeanos (embora não fizesse parte da sua mitologia primitiva). Os mitos daomeanos eram mais antigos que os Nagôs, pois vinham de uma cultura que se mostra anterior à descoberta do fogo. Então, tentou-se acertar essa cronologia colocando-se Nanã e o nascimento de seus filhos como sendo fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Yemanjá. Neste contexto, Nanã é a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluayê) e Oxumarê.

Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza, em si, morte, fecundidade e riqueza. É associada à fecundidade e à prosperidade porque a Ela se pedem filhos; lembrando-se que nas antigas sociedades tribais ter muitos filhos era sinônimo de riqueza (capacidade de sustentá-los) e também de se perpetuar o nome daquele clã.

Para os Jêje, da região do antigo Daomé, seu nome significa “mãe, mãezinha”. Nessa região, Nanã é considerada a Divindade suprema. Talvez por isso, frequentemente é descrita como um Orixá masculino.

Sendo a mais antiga das Divindades das águas, Nanã representa a memória ancestral do Povo de Santo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos Orixás Iroko, Obaluayê e Oxumaré. E por ser a deusa mais velha do Candomblé, é respeitada como mãe por todos os outros Orixás.

A vida está cercada de mistérios que, ao longo da História, atormentam o ser humano. Ainda na Pré-História, quando o homem se viu diante do mistério da morte, no seu âmago irrompeu uma angústia. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino. A morte desperta no homem os primeiros sentimentos religiosos; e nessse momento Nanã se fez compreender: porque é na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Nos primórdios da História, os mortos eram enterrados em posição fetal; o que remetia a uma idéia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã. Pois Nanã é o princípio, o meio e o fim; é o nascimento, a vida e a morte; é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a Terra. Nanã é água parada, água da vida e da morte. Ela é o começo, porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé, por ser o Orixá que dá a vida e a sobrevivência, é a Senhora dos ibás, que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

No Candomblé se diz: “Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo. Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, é o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos Orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso Orixá”. Conceito belíssimo...

Considerada a mais velha Divindade do panteão africano, Nanã está associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. Ela e Obaluayê foram os únicos Orixás que não reconheceram a soberania de Ogum como dono dos metais, justamente por serem mais antigos que ele. Segundo pesquisas de Pierre Verger, há indícios de que Nanã e Obaluayê eram cultuados desde antes da Idade do Ferro; e esta é a razão de não se utilizar instrumentos de ferro nas suas oferendas.

O símbolo de Nanã é o Ibirí, um cajado de fibras da folha da palmeira de dendê, que tem a ponta curvada e uma tira de couro enfeitada com búzios.

Em algumas terras da África, Nanã é chamada de Iniê e seus assentamentos (objetos sagrados) são salpicados de vermelho.

Ela é a chuva, a garoa. Por isso, o banho de chuva é uma homenagem que se faz a Nanã, lavando-se o corpo no seu elemento.

Nanã é tanto reverenciada como sendo a Divindade da vida, como da morte. Na África antiga, acreditava-se que entre o mundo dos vivos e o dos mortos existe uma passagem, cuja regente é Nanã, Senhora da Morte, geradora de Iku (a Morte). Por isso, Nanã é a mais temida de todos os Orixás.  
Nanã é o encantamento da própria morte. Os cânticos em sua homenagem são súplicas para que leve Iku (a Morte) para longe, de modo que a vida seja mantida.

Ela é a Senhora da passagem desta vida para outra; reconduzindo ao Astral as almas que Oxum colocou no mundo material. É a deusa e guardiã do reino da morte, possibilitando o acesso a esse território do desconhecido.  Assim, no Culto de Nação e no Candomblé, Nanã é cercada de muitos mistérios e tratada com menos familiaridade do que os Orixás mais extrovertidos (como Ogum e Xangô, por exemplos), sendo considerada uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou de alguma forma de explosão emocional. Jurar por Nanã, por parte de alguém do Culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois este Orixá exige de seus filhos a mesma relação austera que mantém com o mundo. Acredita-se que muitos são os mistérios que Nanã esconde: ela é a terra fofa que recebe os cadáveres, que os acalenta e esquenta, numa repetição do que ocorre na vida intra-uterina; através dela, os mortos são modificados para poderem nascer novamente.

Esta relação de Nanã com a morte e o culto dos Egunguns (espíritos dos mortos) é talvez o motivo de Ela estar associada ao número 13 (tradicionalmente ligado às almas dos mortos), dentro do Culto de Nação e do Candomblé.
Desde suas origens na África, Nanã é reverenciada como o grande Orixá que tem o domínio sobre as enchentes e as chuvas, bem como sobre o lodo produzido por essas águas. Ela também é a mãe e avó, a protetora dos homens e dos idosos, a padroeira da família. Daí, talvez, a sua ligação com o número seis, este relacionado à família.

Lendas

1-Nanã fornece a lama para a modelagem do homem

Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau e depois de pedra, mas a criatura ficou dura. Tentou, então, o fogo, e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho-de-palma, e nada.
Foi então que Nanã veio em seu socorro. Ela apontou para o fundo do lago, com seu ibiri (o seu ceptro e arma), e de lá retirou uma porção de lama. Deu a Oxalá uma porção do barro do fundo da lagoa onde morava, a lama sob as águas, que Ela domina.
Então Oxalá criou o homem, modelando-o no barro. Com um sopro de Olorum, o homem  caminhou, e com a ajuda dos Orixás povoou a terra.

Porém, chega o dia que o homem morre e seu corpo tem que retornar à terra, voltar à natureza e aos domínios de Nanã Buruku. No começo Nanã deu a matéria para fazer os corpos dos homens; mas no final Ela quer de volta tudo o que é seu.

2-Nanã divide seu poder sobre os Eguns com Oxalá

Na aldeia chefiada por Nanã, quem cometesse um crime era amarrado a uma árvore, e então Nanã chamava os Eguns para assustá-lo.
Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e lhe  deu  uma poção que a fez apaixonar-se por ele. Apaixonada, Nanã dividiu seu reino com Oxalá, mas proibiu sua entrada no Jardim dos Eguns.
Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Disfarçando-se de mulher, Oxalá vestiu-se com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem “ao homem que vivia com ela“ (ou seja, que obedecessem a ele).
Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir. Mas,  apaixonada como estava, acabou

concedendo aquele poder ao marido. Por isso, no Culto a Egungun, só os homens são iniciados para chamar os Eguns.
Outra versão diz que, por causa desse artifício, Oxalá foi condenado a vestir-se com um manto semelhante ao usado por mulheres, ficando proibido de usar  roupas iguais às dos outros Orixás masculinos.

3- O encontro de Nanã com Yemanjá

Conta-se que Yemanjá estava em sua casa, quando alguém bateu à porta. Era Nanã, que vinha visitá-la.
Curiosa, Nanã olhava para todos os lados, procurando alguma coisa. Ela soubera que Yemanjá recolhera na praia o filho que abandonara nas areias, fraco, feio e doente.
Yemanjá percebeu tudo. E mandou servir o Ebô-yá, sua comida favorita, que Nanã aprovou e disse: - “Além do filho, temos agora uma comida de que podemos gostar muito...” E é por isso que se pode dar Ebô-yá para Nanã também.

Divindades assemelhadas

Perséfone- Divindade grega casada com Hades, que se tornou a rainha do mundo subterrâneo.  Seus movimentos refletiam as estações do ano.
Maia- Divindade grega. Mãe de Hermes e avó de Pã. Divindade de culto tão antigo que é considerada pré-helênica. Anciã de grande sabedoria e Senhora da noite.
Hécate- Divindade grega considerada Senhora dos mortos e da noite, tinha o dom de proteger contra os maus espíritos.
Shitala- Divindade hindu feminina da varíola, ligada, portanto, às doenças e à cura.
Hell- Divindade nórdica da região dos mortos. Antiga deusa da terra. Aparecia com partes do corpo infectadas por doenças.
Cerridwen- Divindade celta. Senhora da noite e a magia. Traz o arquétipo da velha senhora detentora da sabedoria antiga, que possui o caldeirão mágico onde decanta suas poções.
Ereshkigal- Divindade sumeriana e babilônica. “Rainha da grande terra”, “Rainha da Terra”. Avó de Inanna em alguns mitos e sua irmã, em outros. Deusa dos mortos, do Mundo Subterrâneo.
Befana- Antiga Divindade da região itálica. Representa a anciã que trazia presentes para as crianças e espantava os espíritos do mal.
Baba Yaga- Divindade eslava. Anciã, enorme velha com cabelos desgrenhados. Construía sua casa com os ossos dos mortos. Viajava montada em um socador de grãos. Destruidora do que é superficial.
Madder-akka- Divindade finlandesa. “A velha”, padroeira dos partos e das almas das crianças até que elas estivessem prontas para encarnar.
Cailleach- Divindade celta. Pouco conhecida, trazia as doenças, a velhice e a morte. É uma velha senhora ou velha bruxa. Guardiã do portal que leva aos períodos de escuridão do ano, ela é também a Divindade evocada perante a morte e a transformação.
(Fonte: O livro “Deus, “Deuses” e Orixás”, Alexandre Cumino, Madras Editora, 2004.)


Características dos filhos de Nanã

No positivo, os filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas. No modo de agir, e até fisicamente, aparentam mais idade. São lentas no cumprimento das suas tarefas,  parecem ter a eternidade à sua frente. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. Gostam de crianças e as educam com excesso de doçura e mansidão, assim como fazem as avós.

São bondosos, decididos, simpáticos, mas principalmente respeitáveis. Agem com segurança e majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

O tipo psicológico dos filhos de Nanã é introvertido e calmo, temperamento severo
e austero. Podem até ser um tanto rabugentos, motivo pelo qual às vezes são mais temidos do que amados.

As pessoas que têm Nanã como Orixá de cabeça podem lembrar principalmente a figura da avó: carinhosa, às vezes até em excesso; levam o conceito de mãe ao exagero. Mas também podem ser ranzinzas e preocupadas com detalhes, inclinando-se a censurar os outros. Não têm muito senso de humor e tendem a valorizar demais pequenos incidentes e a transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, têm uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fossem muito mais velhas. Por isso, têm uma habilidade natural para perdoar aos que erram e para consolar quem está sofrendo. Voltados para a comunidade, sempre tentam realizar as vontades e necessidades dos outros. Porém, exigem a atenção e o respeito que julgam devidos, quando não os recebem das pessoas à sua volta.

Os filhos de Nanã são um pouco mais conservadores do que o restante da sociedade. Parecem desejar um mundo previsível, estável ou até voltado para trás; reclamam dos novos costumes, da nova moralidade etc. Muito compenetrados e responsáveis, não conseguem entender como algumas pessoas cometem enganos triviais ou como adotam comportamentos e atitudes que lhes parecem evidentemente inadequados. Assim, têm dificuldade em compreender direito as opiniões alheias e em aceitar que nem todos pensem como eles.

No negativo, os filhos de Nanã podem ser teimosos e ranzinzas, daquelas pessoas que adiam muito uma decisão, ou que guardam por longo tempo um rancor.

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como a tendência a viver no passado, de recordações. Fisicamente, tendem a apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

A filha de Nanã pode ter uma aparência que, no seu modo de pensar, não tem maiores atrativos. Isso tende a fazê-la sentir medo de amar, de ser abandonada e sofrer, por não confiar na própria sexualidade; então, irá dedicar sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.


Oferenda: Velas brancas, lilases e cor-de-rosa; champanhe rosado; calda de ameixa ou de figo; soda limonada; melancia, uva, figo, ameixa e melão; folha de bananeira para forrar o solo. Lavar e secar a folha de bananeira. Umedecer um tufo de algodão em azeite de oliva (de preferência, já consagrado) e untar a folha de bananeira já limpa. Dispor as frutas no centro da folha. Circular com as bebidas, despejando-as diretamente no solo. Firmar as velas rodeando toda a oferenda.


Local para a oferenda: À beira de um lago ou mangue.


Quando oferendar: Para aprender a agir com paciência, sabedoria e perseverança diante de obstáculos; para a cura de males físicos, morais e espirituais; para superar vícios e padrões negativos de sentimentos, pensamentos e emoções; para vencer bloqueios internos (fobias, medos injustificáveis); para superar lembranças traumáticas ligadas a experiências da encarnação atual; para nos desapegarmos do passado (em todos os sentidos e aspectos), a fim de nos situarmos no presente, aceitando a vida como ela se apresenta no momento, mas sempre trabalhando por melhorar aquilo que podemos melhorar (interna e externamente). Em pedidos de proteção para a família, os filhos, as crianças em geral, as gestações difíceis e os partos. Em todas as situações em que nos deparamos com dificuldades para seguir um caminho de evolução.


   TRONO
   Feminino da Evolução
Linha:Evolução (6ª Linha de Umbanda)
Fatores:Decantador (Fator Puro) e Evolucionista (Fator Misto).
O Fator Decantador tem por função decantar as energias emitidas pelos outros Fatores, ou mesmo decantá-los de um lugar onde estão concentrados e recolhê-los em si mesmos, anulando-os.
O Fator Evolucionista ou Evolutivo tem por função criar as condições para a evolução dos seres.
Sentido/Essência:Evolução/Decantação/Transmutação
Elemento:Primeiro elemento: água. Segundo elemento: terra.
Polariza com:Obaluayê
Cor:Lilás (voltada para o Sentido da Evolução, tem a função de trazer carinho, ternura, maturidade etc.).
Também o roxo e o rosa.
Fio de Contas:Contas, firmas e miçangas de cristal lilás; ou de contas de porcelana branca com listras roxas.
Ferramentas :Bastão ou cajado curvo feito de hastes da folha da palmeira de dendê  (o Ibirí).
Ervas:1- Quentes ou agressivas: Folhas de chorão ou salgueiro (para decantação e limpeza), arnica (purificadora), periquito ou penicilina (purificadora de larvas e miasmas astrais), cipó suma, pinhão roxo, peregum roxo;
Mornas ou equilibradoras: Assa peixe (fortalecedora e curadora); Trapoeraba ou coração roxo (protetora e estimuladora da mediunidade); Melão de São Caetano (equilibrador e poderoso curador espiritual); Sete sangrias (regenerador astral, fortalecedor); alfavaca; alfazema; folhas de bardana; camomila (as flores); cana do brejo; capim rosário; confrei; erva de Santa Maria; macela; mentruz; hibisco (flor); mulungu (casca e raiz); noz moscada. 
Símbolos:A cruz,Alua minguante,O ibirí- um cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Dizem que esse cajado nasceu junto com Nanã, na sua placenta. Representa a multidão de eguns, que são seus filhos na terra dos homens; e Nanã o carrega como se mimasse uma criança. Os búzios- que simbolizam a morte (por estarem vazios), mas também a fecundidade (porque lembram os órgãos genitais femininos). De búzios são feitos os colares chamados brajás, dois a dois, que seus filhos usam cruzados no peito.O grão- símbolo que melhor sintetiza Nanã, pois todo grão tem de morrer para germinar. Na tradição africana, Nanã é o Orixá que assegura uma vida saudável e com bastante força àqueles que a respeitam; pode ajudar as mães numa gestação difícil; mas sua principal função é garantir o grão e “o pão” de cada dia a todos que fazem por merecer.
Ponto de força na Natureza:Lagos, águas profundas, mangues, pântanos, cemitério.
Flores:Crisântemo branco e lilás; campânula; trapoeraba; manacá da serra; hibisco; violetas; flores do campo de cor lilás; lírio; orquídea; narciso; begônias.
Essências:Guiné; noz moscada; camomila; cravo
Pedras:Ametista, fluorita lilás, rubelita, sugilita.
Dia indicado para a consagração: 4ª feira. Hora indicada: 19 horas.
Metal e Minérios:Metal: Latão ou Níquel
Minério: Prata.
Dia indicado para consagrar: 2ª feira. Hora indicada: 18 horas.
Chakra :Esplênico (na altura do baço).
Glândula relacionada: Pâncreas, que desempenha um papel importante na digestão dos alimentos e na secreção de insulina pelo organismo.
Saúde:Abdomem, estômago, fígado, parte inferior das costas, sistema digestivo, sistema nervoso central, bílis e bexiga.
Portais de cura: Folhas de chorão, agulhas antigas, água mineral ou de rio; velas lilases.
Dia da Semana:A 6ª Também lhe são dedicados: a 2ª feira; e ainda o sábado
Planeta:Saturno e Vênus.
Saudação:Salve nossa Mãe Nanã! Resposta: “Saluba, Nanã!” Bebida: Champanhe rosado; água mineral, de rio ou de lago; calda de figo e de ameixa escura; limonada; suco de laranja lima (ou serra d’água); sumo de guiné (macerar guiné em água mineral ou em água de rio ou de lago, e depois coar).
Animais:Galinha branca; pata branca; cabra branca; rã.
Comidas:Laranja lima, figo, ameixa, melancia, uva escura, melão, limão, fruta do conde, coco seco, banana da terra, frutas aquosas em geral, mandioca, inhame, batata doce de casca roxa, berinjela, arroz.
Números:06 e 13
Data Comemorativa:26 de julho
Sincretismo:Nossa Senhora de Santana
Incompatibilidades:Pimenta e camarão; quanto ao uso de lâminas e instrumentos de ferro; bem como a ficar em multidões.

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